domingo, 23 de dezembro de 2012

HORA DE DEIXAR IR

Amo Fernando Pessoa, vira e mexe estou a folhear seus escritos, e cada vez mais me encontro com seu saber. Algumas inspirações e, quem sabe, um viver mais consciente. 

Meio viajante, explorando possibilidades, potencialidades, solta e certa de que o caminho não sou eu que traço, mas sou eu que faço.

 A cada dia seus hetrônimos me fazem crer que também tenho vários deles, as vezes sou Ana, Anah, Cris, Cristhina, Ana Cristina,.. , existem várias vozes que falam através de mim, que expressam o meu real ser.

Deixar falar, e deixar ir tornam-se desafios que libertam, que deixam acontecer.

A poesia que me inspirou, mexeu, me fez declamar e escrever, é de Alberto Caeiro - 
O guardador de rebanhos - XLIII

"Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

Observando, aprendendo  e deixando pra trás medos, desejos, dores, risos, amores, que um dia existiram e preencheram a vida, e que hoje não são mais, já foram... Sigo cantando, aberta, solta e atenta para os presentes da vida. 


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